Faça Fortuna com ações - Resenha



Resenha do livro 'Faça Fortuna com ações' de Décio Bazin feita para a Suno pelo colaborador Jean Tosetto:

O caráter histórico do livro é enriquecido com republicações, ao final de cada capítulo, dos melhores artigos do autor, que por muitos anos trabalhou nas redações do jornal “Gazeta Mercantil” e da revista “Balanço Financeiro”.

Não se pode julgar um livro pela capa” – poucas vezes um dito popular se aplica tão bem quanto ao livro escrito pelo jornalista e investidor Décio Bazin (1931-2003). Acrescentaríamos: “Não se pode julgar um livro pela capa, pelo título e pelo subtítulo” – pois dificilmente alguém compraria “Faça fortuna com ações antes que seja tarde – Profissional do Mercado mostra o caminho através do fascinante mundo da Bolsa” fuçando aleatoriamente as estantes de uma livraria. Não que o título e o subtítulo sejam mentirosos, pelo contrário, mas eles soam alarmistas e sensacionalistas demais, lembrando as manchetes da antiga revista “Seleções do Reader’s Digest” com seu marketing apelativo, bem ao estilo norte-americano.

E se mesmo assim o desavisado pegar o livro em mãos, certamente estranhará a capa simplista, com uma ilustração feita em bico de pena numa estética semelhante à adotada por Carlos Zéfiro nas capas de seu catecismo, como ficou notória sua coleção de gibis eróticos durante a Ditadura Militar. O desenho mostra uma carta de baralho sob uma peça de xadrez com um personagem em comum: o rei. Num esforço mental as alusões ficam claras: investir na Bolsa de Valores seria como apostar num cassino, com a necessidade de adotar estratégias dignas de um Garry Kasparov.

O conteúdo no livro, no entanto, demole todos os conceitos apresentados na capa, exceto pelo tom predominante, o amarelo mostarda. Numa passagem bíblica, o grão de mostarda é retratado como a menor das sementes que, no entanto, se desenvolve e se converte na maior das hortaliças, resultando numa árvore onde até os pássaros podem se aninhar – uma referência à possibilidade do pequeno Investidor adquirir a independência financeira, apesar de seu diminuto porte inicial. Não por acaso o amarelo é a cor mais associada com a riqueza, representando também vil metal, o ouro.

Se o livro de Décio Bazin é um sucesso de vendas, verificado pelas sucessivas edições desde seu lançamento em 1992, isto se deve ao seu conteúdo absolutamente relevante que ensina que sim, a Bolsa pode ser um cassino, mas apenas para os especuladores que recorrem ao “Day Trade” e aos que operam com as opções. A Bolsa seria um jogo de xadrez? Sim, mas apenas para os manipuladores, que são especuladores com somas vultosas para movimentar em conluio com outros manipuladores, com o objetivo de puxar e derrubar o preço das ações. E aqui usamos os termos “Investidor”, “Especulador” e “Manipulador” com as iniciais em letras maiúsculas, pois é deste modo que está grafado no livro.



Para o Investidor consciente, não é preciso ser um gênio do xadrez ou um apostador sortudo, desde que o mesmo domine as quatro operações básicas da matemática, passando a valer a parábola do grão de mostarda: ao comprar ações de empresas sólidas e boas pagadores de dividendos, é possível acumular uma fortuna a ponto de se libertar da obrigação do trabalho formal, após anos de paciência e disciplina. Como? Se esta resenha se referisse a uma obra de mistério e suspense, o parágrafo seguinte seria repleto de “spoilers” (não leia se você quiser ser surpreendido com a leitura do livro):

Compre ações de empresas que paguem, no mínimo, 6% de dividendos e juros sobre capital próprio ao ano, verificando o histórico de pagamentos em linha, ao menos nos três anos anteriores. Fuja das empresas com excesso de endividamento (superior ao próprio patrimônio) e venda, sem remorsos, as ações de empresas que porventura se envolverem em notícias negativas.

A essência do livro ficou exposta no parágrafo anterior. Será que vale a pena ler as mais de 340 páginas do volume amarelado? Sim, com certeza. O conteúdo vai além de orientar o pequeno Investidor, constituindo um relato histórico desde a década de 1960, quando as Bolsas do Rio (que não existe mais) e São Paulo, ainda incipientes, foram incentivadas a crescer mediante o estímulo dos militares no poder, num período que ficou conhecido como o “Milagre Econômico” que se iniciou em 1968 e esmaeceu com o “crash” das Bolsas brasileiras em 1971 e a crise internacional do petróleo, que eclodiu em 1973.

O caráter histórico do livro é enriquecido com republicações, ao final de cada capítulo, dos melhores artigos do autor, que por muitos anos trabalhou nas redações do jornal “Gazeta Mercantil” e da revista “Balanço Financeiro”.

Décio Bazin retrata também os cinco tipos de personagens que identificou nos anos em que acompanhou os pregões presenciais na Bolsa de São Paulo: o Manipulador, o Especulador, o especulador novato, o Investidor Institucional e o Investidor Pessoa Física – que o autor deseja expressamente que seja, também, o seu leitor. Como ele consegue estabelecer um vínculo de empatia com o mesmo, no intuito de convencê-lo a não especular na Bolsa, a leitura do apêndice, ao final da história, passa a ser irrelevante – senão enfadonha – mas igualmente necessária para compor todo o cenário de investimentos, onde se trata justamente de operações com opções e “Day Trade”.




Falta ao livro – não por culpa do autor, mas por causa da passagem do tempo – um posfácio, escrito por alguém que tenha assimilado e adotado os conceitos do livro, mas tecendo comparações de seu conteúdo com os dias atuais, onde o pregão eletrônico tomou o lugar do pregão presencial, e os balanços das empresas não são mais publicados apenas em jornais impressos, mas em sites da Internet que, por sua vez, ganhou ferramentas de análises que antes estavam disponíveis apenas para os “insiders”.

Seria impagável testemunhar a reação de Décio Bazin, diante dos autoproclamados gurus que vendem relatórios sobre o futuro dos investimentos na Bolsa, prometendo grandes lucros em pequeno espaço de tempo. Certamente ele escreveria textos com fina ironia, para desancar um a um, aqueles que se apresentassem como oráculos dominadores das tendências apontadas em gráficos mirabolantes.

A essência do pensamento do autor permanece inalterada. Por isso, se você deseja trilhar um caminho seguro na Bolsa, “Faça fortuna com ações antes que seja tarde” é uma leitura obrigatória.


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Fonte: Suno