Taxas de juros reais ex-post ou ex-ante? Qual delas reflete melhor o estado atual da economia?
Taxas de juros reais são úteis porque facilitam comparações intertemporais de valores financeiros. Elas podem ser estimadas olhando para “trás” ou para a “frente”. Ambas possibilitam análises interessantes, mas é importante entendê-las corretamente.
O Comitê de Política Monetária (Copom) tem reduzido, desde outubro do ano passado, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que passou de 14,25% para 11,25% em sete meses. Alguns analistas têm apontado, no entanto, que a queda de três pontos percentuais ainda não se refletiu de forma integral nas taxas de juros reais da economia. Mas, essa é uma avaliação correta? Que taxas são essas?
As taxas de juros reais correspondem a taxas de juros nominais descontadas as taxas de inflação dos períodos analisados. Os chamados juros reais ex-post referem-se a períodos passados, enquanto os juros reais ex-ante são aqueles esperados para períodos futuros. A taxa real ex-post da economia brasileira pode ser calculada como a taxa Selic efetiva acumulada nos últimos 12 meses, descontada a inflação acumulada no mesmo período. Já a taxa ex-ante é medida pela expectativa de taxa de juros futuros – pode-se considerar a taxa dos swaps DI pré 360 dias – subtraindo-se a expectativa de inflação para os 12 meses à frente – obtida da pesquisa Focus, realizada pelo BC.
Apesar da redução da Selic, a taxa de juros ex-post aumentou nos últimos meses, passando de 4,1% em março do ano passado para 8,8% em março deste ano. Essa alta é resultado de uma queda da inflação em ritmo superior ao esperado. Renato Baldini, chefe adjunto no Departamento de Política Econômica do BC, explica que havia expectativa de que a inflação caísse, mas a queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 10,71% em janeiro do ano passado para 4,57% em março deste ano, foi mais rápida do que se previa. “Como a inflação caiu de forma acelerada, a diferença para a Selic aumentou e isso se manifestou na taxa de juros ex-post.”
Conforme box do Relatório de Inflação divulgado em março, a pesquisa Focus mostra que a taxa ex-post tende a se estabilizar nos próximos meses e depois iniciar trajetória de queda. A taxa de juros ex-ante tem respondido às alterações esperadas das condições monetárias, passando de 6,7% em abril do ano passado para 4,6% em abril deste ano. Com a estabilização da inflação em nível próximo da meta de 4,5% ao ano, os dois indicadores de juros reais devem convergir para o mesmo valor.
A preferência pela utilização de taxas de juros reais ex-post ou ex-ante depende da finalidade: “Para alguém que já fez um investimento, para o que ocorreu no passado, por exemplo, a taxa de juros ex-post é o indicador mais adequado para verificar ganhos reais que foram auferidos. Já para alguém que planeja investir, para a tomada de decisões, a taxa de juros ex-ante é um indicador mais interessante, além de ser um índice que reflete melhor o estado atual e futuro da economia”, afirma Baldini.
“Em períodos de desinflação, é comum ocorrer, inicialmente, movimento inverso entre as taxas reais de juros ex-ante e ex-post”, explica o Relatório de Inflação. “A taxa ex-ante tende a cair, refletindo as expectativas de flexibilização da política monetária. Já a taxa ex-post tende a subir com a queda da inflação, movimento que se reverte à medida que a política monetária continua em processo de flexibilização. Assim, à medida que as condições monetárias vão se normalizando, as duas taxas tendem a convergir”, conclui.
fonte: banco central
Taxas de juros reais são úteis porque facilitam comparações intertemporais de valores financeiros. Elas podem ser estimadas olhando para “trás” ou para a “frente”. Ambas possibilitam análises interessantes, mas é importante entendê-las corretamente.
O Comitê de Política Monetária (Copom) tem reduzido, desde outubro do ano passado, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que passou de 14,25% para 11,25% em sete meses. Alguns analistas têm apontado, no entanto, que a queda de três pontos percentuais ainda não se refletiu de forma integral nas taxas de juros reais da economia. Mas, essa é uma avaliação correta? Que taxas são essas?
As taxas de juros reais correspondem a taxas de juros nominais descontadas as taxas de inflação dos períodos analisados. Os chamados juros reais ex-post referem-se a períodos passados, enquanto os juros reais ex-ante são aqueles esperados para períodos futuros. A taxa real ex-post da economia brasileira pode ser calculada como a taxa Selic efetiva acumulada nos últimos 12 meses, descontada a inflação acumulada no mesmo período. Já a taxa ex-ante é medida pela expectativa de taxa de juros futuros – pode-se considerar a taxa dos swaps DI pré 360 dias – subtraindo-se a expectativa de inflação para os 12 meses à frente – obtida da pesquisa Focus, realizada pelo BC.
Apesar da redução da Selic, a taxa de juros ex-post aumentou nos últimos meses, passando de 4,1% em março do ano passado para 8,8% em março deste ano. Essa alta é resultado de uma queda da inflação em ritmo superior ao esperado. Renato Baldini, chefe adjunto no Departamento de Política Econômica do BC, explica que havia expectativa de que a inflação caísse, mas a queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 10,71% em janeiro do ano passado para 4,57% em março deste ano, foi mais rápida do que se previa. “Como a inflação caiu de forma acelerada, a diferença para a Selic aumentou e isso se manifestou na taxa de juros ex-post.”
Conforme box do Relatório de Inflação divulgado em março, a pesquisa Focus mostra que a taxa ex-post tende a se estabilizar nos próximos meses e depois iniciar trajetória de queda. A taxa de juros ex-ante tem respondido às alterações esperadas das condições monetárias, passando de 6,7% em abril do ano passado para 4,6% em abril deste ano. Com a estabilização da inflação em nível próximo da meta de 4,5% ao ano, os dois indicadores de juros reais devem convergir para o mesmo valor.
A preferência pela utilização de taxas de juros reais ex-post ou ex-ante depende da finalidade: “Para alguém que já fez um investimento, para o que ocorreu no passado, por exemplo, a taxa de juros ex-post é o indicador mais adequado para verificar ganhos reais que foram auferidos. Já para alguém que planeja investir, para a tomada de decisões, a taxa de juros ex-ante é um indicador mais interessante, além de ser um índice que reflete melhor o estado atual e futuro da economia”, afirma Baldini.
“Em períodos de desinflação, é comum ocorrer, inicialmente, movimento inverso entre as taxas reais de juros ex-ante e ex-post”, explica o Relatório de Inflação. “A taxa ex-ante tende a cair, refletindo as expectativas de flexibilização da política monetária. Já a taxa ex-post tende a subir com a queda da inflação, movimento que se reverte à medida que a política monetária continua em processo de flexibilização. Assim, à medida que as condições monetárias vão se normalizando, as duas taxas tendem a convergir”, conclui.
fonte: banco central